20 setembro 2011

Alda Lara - Preludio


Pela estrada desce a noite…                                          
Mãe-Negra, desce com ela...                                                                         

Nem buganvílias vermelhas, 
nem vestidinhos de folhos, 
nem brincadeiras de guisos, 
nas suas mãos apertadas.                                


Só duas lágrimas grossas, 
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento, 
voz de silêncio batendo 
nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo, 
de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos 
que gostava de embalar?...

Que é feito desses meninos  
que ela ajudou a criar?...

Quem ouve agora as histórias 
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo, 
como eu sei tudo 
Mãe-Negra!...

Os teus meninos cresceram, 
e esqueceram as histórias 
que costumavas contar...

Muitos partiram p'ra longe, 
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando, 
mãos cruzadas no regaço, 
bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento, 
desta saudade descendo, 
de mansinho pela estrada…

Alda Lara - Poetisa Angolana


Anúncio 

Trago os olhos naufragados
em poentes cor de sangue...

Trago os braços embrulhados
numa palma bela e dura
e nos lábios a secura
dos anseios retalhados...


Enrolada nos quadris
cobras mansas que não mordem
tecem serenos abraços...

E nas mãos, presas com fitas
azagaias de brinquedo
vão-se fazendo em pedaços...

Só nos olhos naufragados
estes poentes de sangue...

Só na carne rija e quente,
este desejo de vida!...
Donde venho, ninguém sabe
e nem eu sei...

Para onde vou
diz a lei
tatuada no meu corpo...

E quando os pés abram sendas
e os braços se risquem cruzes,
quando nos olhos parados
que trazem naufragados
se entornarem novas luzes...

Ah! Quem souber,
há-de ver
que eu trago a lei
no meu corpo...

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Os gritos perderam-se sem encontrar eco. 
Os punhos cerrados e os ódios calados 
Dividiram os Homens,
que se não reconheceram mais...

Mas as lágrimas cavaram sulcos fundos
nos olhos vazios de esperança,
e os sulcos não se apagaram...

29 agosto 2011

Neves e Sousa - Poema Angolano

             **Angolano**

Ser angolano é meu fado e meu castigo                                      
Branco eu sou e pois já não consigo
Mudar jamais de cor e condição
Mas, será que tem cor o coração?
Ser africano não é questão de cor
É sentimento, vocação, talvez amor.
Não é questão, nem mesmo de bandeiras,
De língua, de costumes ou maneiras...
A questão é de dentro, é sentimento
E nas parecenças doutras terras,
Longe das disputas e das guerras
Encontro na distância esquecimento.

02 agosto 2011

Charles Chaplin - Pessoas







Durante a nossa vida,
Conhecemos pessoas que vem e que ficam,
Outras que, vem e passam.
Existem aquelas que,
Vem, ficam e depois de algum tempo se vão.
Mas existem aquelas que vem e se vão com 
uma enorme vontade de ficar...



                                                                                      Por: Charles Chaplin

29 julho 2011

António Aleixo

Do Eterno POETA do Povo: 
                                         Quadras ``soltas´´ Célebres


Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém;
Quem não ganha o pão que come
Come sempre o pão de alguém.
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Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria.
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Vós que lá do vosso Império
Prometeis um mundo novo,
Calai-vos, que pode o povo
Qu'rer um Mundo novo a sério.
     ***************

Mentiu com habilidade,
Fez quantas mentiras quis,
Agora fala verdade,
Ninguém crê no que ele diz.
     ***************

Tu, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes -- esqueceste
tudo o que prometias... 
     ***************

Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, sem parecer o que são,
São aquilo que eu pareço. 
     ***************

O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por tí!  
     ***************

Muito contra o meu desejo,
Sem lhe querer dizer porquê,
Finjo sempre que não vejo
Quem finge que me não vê...
     ***************

Por que a vida me empurrou
Caí na lama, e então...
Tomei-lhe a cor, mas não sou
a lama que muitos são.
     ***************

Para triunfar depressa
cala contigo o que vejas
Finge que não te interessa
Aquilo que mais desejas.
     ***************

Nas quadras que a gente vê,
Quase sempre o mais bonito
Está guardado pr'a quem lê
O que lá não está escrito.  
     ***************

Ainda não reparaste
Que és tal qual um cão de palha?
Tu, que nunca trabalhaste,
Censuras quem não trabalha!
     ***************

«Nunca amanhece em meu peito,
E eu ando nessa cegueira.
Acorda-me, ó meu amor,
Senão sonho a vida inteira!»
     ***************

Talvez não zombasses deles
Se soubesses compreender
Que te pareces co´aqueles
Que nem sequer podes ver.
     ***************

O poeta António Aleixo,

Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949.

Foi, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé 
Algarve, é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.

 Ficou conhecido como o maior poeta popular  - O poeta do povo -
 Fonte: Este Livro que vos deixo
 Foto da Web:



















Estátua em tamanho real do poeta António Aleixo  
sentado numa cadeira.

Tem uma mesa a seu lado com versos inscritos no tampo

Praça de República (frente ao 59) em  Loulé - Algarve - Portugal
              
                       
                                                        

         







                                                                                                               

21 julho 2011

Namibiano Ferreira - "Bebo kissângua...



E cheira-me a frutas maduras: 
mangas goiabas 
abacaxis pitangas 
perfumes escondidos 
enchendo quindas de quitandeiras 
apregoando.



Bebo kissângua...

............................ e cheira-me a Luanda!
                                                                                                                   

Namibiano Ferreira"


Fonte: ONDJIRA SUL: Poesia de Namibiano Ferreira


                                                                                                           

Crepúsculos - "Sunsets"

Angola Terra Linda... No Miramar !

Sol di Manhã - Ritinha Lobo

Waldemar Bastos - N´duva (Na Morte da Cantora)

A Bela Ilha da Madeira - Pérola do Atlântico

Subindo o Rio Douro - Portugal

Tabanka Djaz - Nha Corçon ... tradução PT

Waldemar Bastos - Por do Sol

Luanda Moderna - Serenata a Luanda - Eleutério Sanches