Blogue de divulgação de Angola e sua Gente, Imagens, Videos, Curiosidades e vivências do Autor.
12 novembro 2011
05 novembro 2011
valter hugo mãe

o céu é aquela clareira
onde deito os olhos com ténues
cambiantes de cor que quase
gasto nas mãos, e como. como
o céu e aguardo uma
digestão convulsa. enquanto
o aguaceiro seca na terra antes que o
possa beber e deus se
vinga de mim ditando
os versos que escondem
a água ao mundo. já as
fogueiras florindo em volta,
murchando o dia que me
persegue. uma intervenção
divina para me resistir
Autor:
valter hugo mãe
01 novembro 2011
O Homem Que Veio da Sombra
19 outubro 2011
Viriato Cruz - Makèsú
Viriato Cruz - Namoro

e com a letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas.
sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seu seios laranjas - laranjas do Loge
seus dentes... - marfim...
18 outubro 2011
Malangatana - Amor Verde
Porque o amor não é sempre verde
que bom quando verde é
nem quero que mudes de cor
ó amor verde, verde, verde
ele é tão bom, bom, bom
Na cama quando passei a primeira noite
senti-me feliz quando corria dentro dela
a lágrima que nos fez amigos infinitos
porque dela veio quem nos chama: Papá e Mamã
o nosso primeiro filho, tão lindo, lindo.
--------------------------------------------------
08 outubro 2011
Testamento de Raul Indipwo

A quem a saudade tiver cegado
Deixo os meus olhos tristes da distância
Por todos estes anos afastado
Da terra céu e mar da minha infância
A quem o silêncio tenha ensurdecido
E não tenha escutado nunca o mar
Posso deixar o meu ouvido
Com Iemanjá e buzios a cantar
E a terra o meu corpo não engula
Para que não fique o marco de saudade
Que me ponham numa pira de takula
E me queimem com acácias de verdade
Que Deus ao vento dê a minha alma
Para que ela em cada entardecer
Venha embalar com uma canção de calma
A terra amada que me viu nascer
(Raul Indipwo)
Com Iemanjá e buzios a cantar
E a terra o meu corpo não engula
Para que não fique o marco de saudade
Que me ponham numa pira de takula
E me queimem com acácias de verdade
Que Deus ao vento dê a minha alma
Para que ela em cada entardecer
Venha embalar com uma canção de calma
A terra amada que me viu nascer
(Raul Indipwo)
05 outubro 2011
Galinha d’Angola
Porquê a Galinha d’Angola tem pintas brancas?
Os mais antigos contam que esta história aconteceu durante uma das piores secas ocorridas nas savanas ao Sul da África.
O sol, inclemente, castigava todos os seres vivos: plantas e animais.
Alda Lara - Testamento

À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua..
20 setembro 2011
ERNESTO LARA FILHO

Caminhos de musseques
Caminhos dos musseques
lá onde a areia entra pelos sapatos
daqueles que têm sapatos
lá onde o sol se filtra pelas fendas
pelos buracos dos pregos
dos tetos de zinco.
Caminhos antigos.
Caminhos antigos como o Mundo.
A cidade empurrou os musseques
e o cacimbo caiu mais de mansinho
escondendo as figuras esguias
e os rostos de chumbo.
Lá
onde a esteira cobre o chão varrido todas as manhãs
lá
onde a fuba substitui todas as claridades
lá
onde a cerveja escorre pouco
porque não há dinheiro de comprar.
Caminhos antigos
onde a eletricidade começa a fazer circular
“idéias estrangeiras”
onde os motores dos carros
acordam as madrugadas das crianças
que antigamente ouviam passarinhos.
As fendas, os muros, os tetos
os buracos dos caminhos
esboroando-se no passado
alcatrão penetrando e desmentindo a mudança
cimento e cal erguendo os muros cinzentos das fábricas
saias lutando contra os panos das velhas
telefone até.
Nas almas... um grande vazio
preenchido pelos merengues que vêm de fora.
Lá – caminhos da vida
Lá no mato. Lá no campo. Lá na floresta. Lá no estrangeiro.
Lá onde se nasce, vive e morre todos os dias
com kambaritókué ou sem ele
com um lençol simples ou uma vala comum
morrendo apenas é que tudo acaba.
A vida tem de ser dignamente vivida.
Vamos juntar as nossas cobardias
os nossos sofrimentos
as nossas ansiedades
nossas angústias
nossos sorrisos
nossos sarcasmos
a nossa coragem
nossas vidas.
Vamos
Lá – no musseque – areais vermelhos
onde passam os caminhos da vida
e vamos
dizer
corajosamente
às crianças que esperam o nosso exemplo
que este quintal
tem de ser estrumado com sangue
adubado de sofrimento
cultivado com as dores
mangueiras
anoneiras
gindungueiros
frutificando ao sol e ao luar
para quê dizer mais versos
que só o povo entende?
---------------------------------------
O canto do Matrindinde
O canto do Matrindinde
é um canto da cidade
vem pela noite dentro
cheio de ambiguidade
O canto do Martrindinde
é um cantar nacional
veio do mato à cidade
e tornou-se universal.
Ernesto Lara Filho (Angola)
Subscrever:
Comentários (Atom)